Mensagens revelam recuo de Bolsonaro por temor de isolamento, diz PF

Mensagens revelam recuo de Bolsonaro por temor de isolamento, diz PF

Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu recuar de um plano para romper institucionalmente com as eleições de 2022. O motivo, segundo o tenente-coronel Sérgio Cavaliere, seria o receio de enfrentar um desfecho semelhante ao do ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, que foi preso após um golpe fracassado em dezembro de 2022.

A conversa entre Cavaliere e o coronel Gustavo Gomes, citada no relatório da PF, expõe a falta de adesão entre as Forças Armadas brasileiras ao plano de Bolsonaro. Cavaliere menciona que, embora a Marinha tivesse demonstrado apoio, “não guenta a porrada que vai tomar sozinha”, enquanto o Alto Comando do Exército optou por não aderir.

“Pode acontecer o mesmo que no Peru”

Em um áudio enviado a Gomes em 20 de dezembro de 2022, Cavaliere afirmou que Bolsonaro possuía um decreto golpista pronto, mas evitou assiná-lo por não ter apoio suficiente. Ele justificou o recuo mencionando o caso de Castillo:

“O presidente não vai embarcar sozinho porque pode acontecer o mesmo que no Peru. Ele está com decreto pronto, ele assina e aí ninguém vai, ele vai preso. Então não vai arriscar”.

Cavaliere criticou duramente os líderes do Alto Comando, acusando-os de priorizar interesses pessoais em detrimento do país. Ele os chamou de “formados naquela escola de prostitutas” e lamentou a falta de unidade para sustentar o plano.

Mensagens revelam recuo de Bolsonaro por temor de isolamento, diz PF

Tentativa de golpe e resistência interna

Segundo o relatório, Bolsonaro considerava a possibilidade de uma ruptura, mas a falta de adesão ampla entre as Forças Armadas e os riscos associados ao isolamento político o fizeram recuar. A PF destacou que o episódio reflete o impacto da resistência interna nas tentativas de interferir no resultado das eleições.

Procurada, a defesa de Bolsonaro e os militares citados não se pronunciaram sobre o conteúdo do relatório. A CNN segue em contato com os envolvidos.

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