Primeiro túnel submerso do Brasil: avanço na mobilidade, mas com custo ambiental elevado

Primeiro túnel submerso do Brasil: avanço na mobilidade, mas com custo ambiental elevado

O Brasil se prepara para construir seu primeiro túnel submerso, uma obra monumental que promete conectar as cidades de Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo. Embora o projeto seja visto como um marco na infraestrutura nacional, ele levanta preocupações significativas devido aos impactos ambientais associados à sua realização.

Segundo o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), a obra implicará no desmatamento de aproximadamente 105 mil metros quadrados de Mata Atlântica, incluindo manguezais e áreas de restinga em diferentes estados de preservação. Para se ter ideia da dimensão, essa área corresponde a cerca de 10 campos de futebol.

Entre os ambientes afetados, estão 44 mil metros quadrados de manguezais, que serão aterrados, incluindo áreas localizadas dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra de Santo Amaro. Esses manguezais desempenham papel vital na biodiversidade e na manutenção do equilíbrio ecológico da região.

Primeiro túnel submerso do Brasil: avanço na mobilidade, mas com custo ambiental elevado

Impactos ambientais em destaque

Além do desmatamento, a obra apresenta outros desafios. Durante a construção, será necessária a dragagem do assoalho marinho, o que aumentará a turbidez da água no Estuário de Santos. Isso pode suspender sedimentos contaminados, prejudicando a balneabilidade das praias locais e representando riscos para a vida marinha, como botos, golfinhos e baleias, que podem sofrer mais colisões com embarcações devido à diminuição da visibilidade subaquática.

Adicionalmente, a construção do túnel trará poluição atmosférica e sonora. A emissão de poeira e poluentes como dióxido de nitrogênio (NO₂) e dióxido de enxofre (SO₂) será intensificada durante as escavações e transporte de materiais, impactando a qualidade do ar nas cidades de Santos e Guarujá.

Dilema entre progresso e preservação

Apesar dos benefícios esperados, como a melhoria da mobilidade urbana e a redução da dependência de balsas entre as cidades, os custos ambientais geram um dilema ético e prático. A sociedade e o governo enfrentam a difícil tarefa de equilibrar o progresso com a preservação de um dos biomas mais ameaçados do planeta.

Este debate reforça a necessidade de soluções tecnológicas e sustentáveis para mitigar os impactos e assegurar que obras dessa magnitude sejam realizadas com responsabilidade ambiental.

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